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Os Semeadores

  • Machado de Assis
  • 5 de set. de 2016
  • 1 min de leitura

Vós os que hoje colheis, por esses campos largos,

O doce fruto e a flor,

Acaso esquecereis os ásperos e amargos

Tempos do semeador?

Rude era o chão; agreste e longo aquele dia;

Contudo, esses heróis

Souberam resistir na afanosa porfia

Aos temporais e aos sóis.

Poucos; mas a vontade os poucos multiplica

E a fé, e as orações

Fizeram transformar a terra pobre em rica

E os centos em milhões.

Nem somente o labor, mas o perigo, a fome,

O frio, a descalcês,

O morrer cada dia, uma morte sem nome,

O morrê-la, talvez,

Entre bárbaras mãos, como se fora crime,

Como se fora réu

Quem lhe ensinara aquela ação pura e sublime

De as levantar ao céu

Ó Paulos do sertão

Que dia e que batalha

Venceste-a; e podeis

Entre as dobras dormir da secular mortalha;

Vivereis, vivereis.


 
 
 

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